Cerveja para Totós! :)

O mundo cervejeiro em Portugal está vibrante, saudável e variado. “Espera aí! Variado?” Sim, eu percebo a confusão, como muitos de vocês passei grande parte da minha vida a beber a cerveja Sagres e Super Bock, até porque não havia grande escolha à parte destas duas, mas impulsionado pelos novos movimentos gastronómicos e modas, como foi a dos Gins por exemplo, a paixão pelas Craft Beers (Cervejas Artesanais) ganhou força.

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Estamos presentemente no segundo ano do boom da cerveja artesanal. O Pátio da Cerveja, festival de cerveja artesanal de Lisboa, celebrou a sua segunda edição em Maio deste ano, no LX Factory, onde juntou 24 produtores nacionais e uma delegação de “nuestros hermanos” que vieram promover o Festival de Barcelona, no total estiveram disponíveis mais de cem cervejas diferentes… Hmmm Beer. Após um começo tímido em 2015, o sucesso tremendo desta edição do Pátio da Cerveja prova que a cerveja artesanal não é só uma moda e que veio para ficar.

“Sendo assim talvez seja uma boa ideia aprender um pouco sobre cerveja?” Não se preocupem pois pretendo partilhar um pouco do meu conhecimento, mas aos poucos, ninguém quer ler uma enciclopédia. Como não nasci ensinado, o meu conhecimento do mundo cervejeiro provém de palestras, leitura, festivais e viagens aos países ancestrais de certos tipos de cerveja, no verdadeiro espírito Pokemon de vou experimentá-las todas.

Cerveja para Totós! – O básico

A primeira lição vai ser sobre as duas principais famílias de cerveja, as Ales e as Lagers. Destes dois tipos provêem centenas de estilos e subtipos de cerveja que no futuro iremos falar.

As Ales são as receitas mais ancestrais, algumas tão antigas como a própria civilização, os registos históricos datam o consumo de cerveja e a existência de receitas na antiga Suméria, há quase 6 mil anos e alguns historiadores pensam que a cerveja possa ser tão antiga como a agricultura (10 mil anos). “Bem acabei de cultivar cereal pela primeira vez, o que vou fazer a seguir?… Álcool!” Haaa civilização!

As Lagers são como uma criança quando comparadas com as Ales, com apenas 400 anos de existência, ou 200, depende do historiador. Nascidas na zona da Bavária/Baviera, Alemanha. A palavra Lager provém do alemão “Lagern” que significa armazenar, porque os barris eram guardados em caves durante o verão. Das Lagers provém o estilo de cerveja mais comum a nível mundial, a Pilsner ou Pils. A Sagres e Super Bock são de estilo Pilsner para quem nunca reparou no rótulo (Tecnicamente são Pale Lagers, mas já é preciosismo a mais).

Ales VS Lagers

O que separa estes dois tipos de cerveja é o fermento utilizado. As Ales usam um fermento que inicia o processo de fermentação a temperaturas mais elevadas (15 a 24 graus), o que cria acumulação da levedura no topo do tanque de fermentação. Enquanto o fermento das Lagers começa o processo a temperaturas mais baixas (7 a 12 graus), acumulando a levedura no fundo.

Esta diferença de temperatura e de fermento pode não parecer significante, mas tem um impacto muito visível nas receitas. A temperatura mais elevada das Ales cria uma fermentação mais rápida e por norma cores mais vivas ou escuras, sabores e aromas mais complexos e intensos e também frutados, devido à maior presença de ésteres, o químico que dá o sabor frutado à cerveja. As Ales têm um teor alcoólico mais elevado e devido à sua composição podem ser servidas a temperaturas quase ambiente, não necessitando de muita refrigeração.

Exemplos de Ales

Guiness (Irish Dry Stout), Franziskaner (Hefeweizen), E da Letra (Belgian Strong Dark Ale) e Urraca Vendaval da 8ª Colina (American IPA)

As Lagers têm uma fermentação mais lenta e têm de amadurecer durante longos períodos em locais fresco como caves e adegas. As baixas temperaturas impedem a criação de ésteres o que cria sabores mais amargos e muito menos frutados, que resulta igualmente em aromas mais simples e cores claras ou pálidas. Teor alcoólico entre os 3 e os 6 graus e por norma muito gasificadas o que implica que sejam servidas bem geladas.

Exemplos de Lagers

Heineken (Euro Pale Lager), Budweiser (American Adjunct Lager), Doppelbock da Post Scriptum (Doppelbock) e Pilsner da Bolina (Pilsner).

No entanto é melhor encararem estas definições mais como um guia do que regras, porque existem estilos de cerveja que confundem até os especialistas e tornam-se difíceis de categorizar porque tem aspectos ou notas das duas famílias.

Para finalizar a melhor forma de enraizar este recém-adquirido conhecimento é provando umas cervejas. De que estão à espera? Tiago Machado

Tiago Machado é o novo colaborador do Eléctrico 28 e escreve quinzenalmente sobre cervejas


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